domingo, dezembro 03, 2006

Henriqueta Lisboa

Uma senhorinha culta e poeta
Rosália do Vale, do Cosmo On Line
A escritora Henriqueta Lisboa nasceu no início do século XX (1904) em Lambari (MG), filha de um farmacêutico e deputado federal, João de Almeida Lisboa e Maria de Vilhena Lisboa. Para orgulho de seus pais, ela foi a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras.
Henriqueta publicou vários ensaios e poesias. Seu primeiro livro poético, chamado Fogo fátuo, foi publicado aos 21 anos. Para as crianças, Henriqueta dedicou três obras: O menino poeta (1943), Lírica (1958) e a reedição de O menino poeta, em 1975.
Em 1985, este último livro foi lançado em disco, através do Estúdio Eldorado, com os poemas musicados por Antônio Madureira. Henriqueta Lisboa recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras. Ela também foi inspetora de alunos (Aiii!), professora de literatura e tradutora (Henriqueta traduziu o famoso Cantos, de Dante Alighieri).
Ela morreu na capital mineira, Belo Horizonte, em 1985. Para a poetisa, a imaginação não representava uma fuga, mas uma libertação.
Confira a seguir duas de suas poesias infantis:
Ciranda de Mariposas
Vamos todos cirandarciranda de mariposas.Mariposas na vidraçasão jóias, são brincos de ouro.
Ai! Poeira de ouro translúcidabailando em torno da lâmpada.Ai! Fulgurantes espelhosrefletindo asas que dançam.
Estrelas são mariposas(faz tanto frio na rua!)batem asas de esperançacontra as vidraças da lua.
A menina selvagem
A menina selvagem veio da auroraacompanhada de pássaros,estrelas-marinhase seixos.Traz uma tinta de magnólia escorrida nas faces.Seus cabelos, molhados de orvalho etocados de musgo,cascateiam brincandocom o vento.A menina selvagem carrega punhadosde renda,sacode soltas espumas.Alimenta peixes ariscos e renitentes papagaios.E há de relance, no seu riso,gume de aço e polpa de amora.
Reis Magos, é tempo!Ofereci bosques, várzeas e camposà menina selvagem:ela veio atrás das libélulas.
Glossário
Mariposas - Nome comum a certos insetos noturnos. As larvas tecem casulos onde vivem até se transformarem em ninfas.Translúcida - Que deixa passar a luz sem permitir que se vejam os objetos.Fulgurantes - Que resplandecem, cintilam, se sobressaem.Aurora - Período antes do nascer do Sol e também princípio, origem.Seixos - Fragmentos de rocha dura; pedras soltas.Magnólia - Árvore ornamental.Renitentes - Teimoso, obstinado.Gume - O lado afiado de instrumento de corte; fio.Libélulas - Insetos de corpos estreitos e asas transparentes.
Fonte: Cadernos Poesia Brasileira - Poesia Infantil - Instituto Cultural Itaú
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